Em defesa do servidor, Sisempa repudia fala do vereador Bruno Dias

O Sisempa enviou à Câmara Municipal de Pouso Alegre um ofício de repúdio à fala do vereador Bruno Dias (União), que, em sessão do último dia 11 de abril, voltou a se referir de forma depreciativa aos servidores públicos municipais.

Fervoroso defensor da decisão do então prefeito Rafael Simões (União), que acabou com a Guarda Municipal de Pouso Alegre em 2019, em suma, o vereador apresentou supostas estatísticas, alegando que boa parte dos servidores que atuavam na Guarda, à época, seriam obesos e teriam problemas com álcool.

E chegou ao ápice da irresponsabilidade ao relacionar guardas a supostos casos de assédio a crianças, sem especificar nomes ou determinar circunstâncias.

Como já havia feito em 2019, o vereador voltou a expor servidores de forma humilhante para desqualificar o serviço público.

No entanto, após a extinção da Guarda, furtos e invasões a prédios públicos de Pouso Alegre passaram a ser algo corriqueiro. Apesar disso, em nenhum momento o vereador fez uma fala depreciativa para desqualificar a atuação da empresa privada que hoje presta o serviço ao município, nem mesmo quando esta deixou de fazer os pagamentos aos seus contratados e precisou ter seu contrato rescindido pela administração municipal.

“Infelizmente, alguns de nossos representantes têm utilizado o espaço de poder confiado a eles pela população para atacar categorias que vêm sendo sistematicamente estigmatizadas. Os servidores públicos são alvos frequentes da extrema-direita cujos integrantes vivem em busca de likes nas redes sociais, apresentando aos descontentes inimigos a serem perseguidos. É lamentável que um parlamentar se dedique a espalhar o ódio contra o servidor público ao invés de propor saídas para os problemas enfrentados por aqueles que o elegeram”, aponta o presidente do Sisempa, Vanderlei Rodrigues.

Confira a íntegra da nota de repúdio:

Nota de Repúdio.pdf

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NOTA DE REPÚDIO

POUSO ALEGRE, 25 DE ABRIL DE 2023.

Na sessão da Câmara Municipal do dia 11 de abril de 2023, o vereador Bruno Dias, em síntese, assim se pronunciou:

“A Guarda Municipal tinha 118 pessoas, 50% acima do peso, 20% delas afastadas por problemas com álcool e drogas.

Eu pergunto: será que as nossas crianças estariam mais seguras com esta Guarda ou sem esta Guarda?

Fui diretor de uma escola que tinha guardas e nós tivemos problemas de assédio por parte de alguns guardas, assédio às nossas crianças".

Como é de conhecimento geral tínhamos uma Guarda Municipal em Pouso Alegre e esta instituição prestou relevantes serviços ao povo de Pouso Alegre.

O Governo do ex-prefeito Rafael Simões entendeu por bem extinguir a Guarda Civil Municipal e contratar uma empresa de segurança para prestar serviços ao município.

A então Guarda Civil Municipal não tinha o necessário apoio da administração municipal, quer material, financeiro, quer apoio no âmbito de uma política de recursos humanos eficaz. Mas, mesmo assim, a Guarda Civil Municipal de Pouso Alegre sempre foi composta de servidores exemplares, honrados, dedicados pais e mães de famílias, com relevantes serviços prestados ao povo de Pouso Alegre.

De modo que o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Pouso Alegre — SISEMPA — sindicato que represento na qualidade de presidente, repudia publicamente a maneira depreciativa usada pelo vereador Bruno Dias, quando usa do seu direito à imunidade parlamentar para atacar gratuita e injustamente os servidores que compunham a então Guarda Civil Municipal de Pouso Alegre.

Lembramos que tais servidores, em sua maioria, continuam prestando relevantes serviços ao povo de Pouso Alegre nos cargos que ocupam.

Os servidores, com toda razão, estão indignados com as palavras descabidas, levianas e ofensivas do vereador Bruno Dias que, sem declinar nomes e casos concretos, ao se utilizar de uma estatística do improvável, ofendeu vergonhosamente a honra, a dignidade, a moral dos servidores da então Guarda Municipal, inclusive lhes imputando ilícito penal.

As ofensas proferidas pelo vereador Bruno Dias não são cobertas pela imunidade parlamentar. Caso fosse, por absurdo, estaríamos admitindo que um direito tem o condão de aniquilar outro direito.

A imunidade parlamentar não é absoluta, mormente para destilar ofensas aos ocupantes de cargos públicos.

Fica registrado esse nosso veemente protesto. Esperamos, a par das consequências, que jamais ocorra qualquer ofensa aos servidores municipais de Pouso Alegre.

VANDERELI RODRIGUES

Presidente do SISEMPA